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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Dia 21. Um susto, outro susto e mais um. Ahhh! Deve ser pegadinha do malandro


Quinta-Feira, 19 de setembro de 2013.
De Arica/Chile a Tocopilla/Chile (538 km).


Dia difícil! Quase atropelado por um trem fantasma na cidade de Humberstone e a notícia de retenção das motos. Cada susto... Este é o relato de mais um dia na Expedição América do Sul, uma viagem de moto que fiz acompanhado do primo Pedro passando por alguns países da América do Sul durante o mês de setembro de 2013. Uma viagem extraordinária em que foram vivenciadas muitas emoções ao longo do trajeto. Passamos calor e frio, tivemos alegrias e dificuldades, momentos de tranquilidade e apreensão. Continue lendo para acompanhar a viagem.


Trajeto do dia:


Trajeto detalhado:


A vastidão do deserto do Atacama

Nesse dia, conseguimos sair apenas às 10h. O céu estava bonito e quase sem nuvens. Antes de pegarmos a estrada passamos em um posto para abastecermos as motos e os galões reserva de gasolina, pois, o agente federal que nos atendeu na fronteira alertou que haveria 300 km sem postos de abastecimento entre as cidades de  Arica/Chile e Iquique/Chile.




Assim, seguimos viagem.






Foi curioso, pois, até então, já havíamos visto diversos motociclistas que vinham em sentido contrário ao nosso.



Vale dizer que, desde a saída de Arica/Chile, a paisagem se mostrou completamente desértica. Para qualquer lado que se olhava, apenas víamos uma imensidão de terra e areia.



Um pouco de vegetação só encontrávamos quando passávamos por algum vilarejo e, nesse momento, a impressão era de estarmos em um oásis em meio ao deserto.





Alguns pedaços do trajeto, entre Arica/Chile e Iquique/Chile, se encontravam em reforma e completamente sem asfalto nenhum.






... E nesse ponto o asfalto estava cedendo.



Apesar do desconforto de seguirmos por um trecho ruim de estrada, éramos recompensados com a visão de belas paisagens.





Foto cedida pelo Pedro


Ponha mais gasolina aí

Assim como outrora, precisamos parar na estrada para abastecermos as motos com a gasolina do galão reserva.






Seguimos viagem e, perto de Iquique/Chile, viramos à direita na Ruta 16 a fim de pegarmos a estrada litorânea que margeia o oceano pacífico. Esse seria o caminho mais longo, mas, um dos atrativos turísticos planejados era justamente tangenciarmos as águas do litoral chileno.

Cuidado! Cidade fantasma

Logo após "quebrarmos" à direita, e a 48 km antes de Iquique/Chile, paramos para uma visita à cidade abandonada de Humberstone/Chile, onde ficamos por volta de uma hora e meia.



Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Editada por Ivan Kallás


Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro


Foto cedida pelo Pedro

Mantenha os olhos bem abertos

Lá pelas tantas do meio-dia, acometido pelo calor do sol e um pouco de cansaço momentâneo, acomodei-me num ponto estratégico para descansar um pouco... e onde a coluna ficaria mais bem acomodada a fim de esperar o Pedro, pois, ele tinha entrado em outro daqueles cômodos cheios de utensílios e ferramentas.

Apesar de também haver outros visitantes na cidade, ali, naquele exato lugar onde eu estava, a paz e o silêncio reinavam absolutos. Procurei a melhor posição possível e recostei-me. Ao fechar os olhos, desliguei-me de tudo. Nesse lugar calmo tinha consciência de estar em uma cidade, porém, sem todo aquele barulho e agitação que costumamos ouvir ao longo do dia quando estamos em um local habitado. Também, desde aquele dia, em Ollantaytambo/Peru, aos pés de Machu Picchu/Peru, em que estive quase que em coma profundo, não havia parado nenhum instante sequer no meio do dia pra descansar. Então, nesse instante, aproveitei. 

Consequentemente, na mesma medida em que me esforçava para limpar a consciência de todos os pensamentos, o corpo foi relaxando; braços e pernas despencando como que de cima de um penhasco (e só não se pulverizavam com a queda porque já se encontravam acomodados no chão). A cada segundo o inspirar e o expirar se tornavam mais afastados e calmamente compassados.

Pronto! Homem e natureza tão perfeitamente conectados que nem mesmo James Cameron conseguiu traduzir em "Avatar". Então, a partir desse instante (uns cinco segundos desde que havia me recostado), comecei a ouvir, de longe, um pequeno zumbido: Zum! Zum! E que se tornava mais alto cada vez que se fazia presente. Como o apito de um trem que se aproxima. 

Inexplicavelmente, quanto mais eu tentava eliminá-lo da consciência, mais ele se tornava presente, como nos piores instantes de pesadelo que quanto maior é o esforço para se libertar, menor é a liberdade que se tem para fazê-lo. Mas, não! Antes fosse um pesadelo, mas agora, já consciente e ainda de olhos fechados, o barulho tornara-se quase que ensurdecedor.

Daí para adiante, não houve mais nenhuma tentativa de manter-me fiel ao estado "zen" em que me encontrava. Muito pelo contrário, passei logo de um "paz e amor" para "vai se f..." (sim, você me entendeu).

De repente, ouço claramente o apto de um trem, mesclado com um barulho de freada que garanto não ser nem um pouco parecido com o da minha bicicleta, e que me obrigaram instintivamente a abrir as pálpebras e olhar para a minha direita. E o que vi? Um trem fantasma se arrastando em minha direção. Como num pulo de gato, debandei logo dali. Esses últimos instantes de relaxamento e desespero que resultaram na fuga que me permitiu sobreviver, porque aqui estou para fazer o relato, foram registrados pela minha câmera de vídeo. Vejam por si mesmos, em sequência cronológica:
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Essa foi por pouco! Quando fui falar com o maquinista... havia sumido tão rapidamente quanto a aparição do trem.


Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Ainda tem muita coisa para ver antes de morrer

Passado o susto, continuamos a andar pela cidade. Vimos a igreja.





O teatro municipal.



Foto cedida pelo Pedro

Num certo ponto, eu já estava satisfeito com a visita e resolvi esperar o Pedro na praça  principal, descansando um pouco ao lado do coreto.




Foto cedida pelo Pedro

Em seguida, fizemos um lanche rápido, numa lanchonete montada para turistas, ao lado da praça principal da cidade e, às 14h30, estávamos na estrada novamente.

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Esse pneu vai furar novamente


Ao chegarmos em Iquique/Chile, gastamos algum tempo na cidade procurando uma loja de motos onde pudéssemos encontrar um tipo de pneu compatível para a moto do Pedro. Infelizmente, não tivemos sorte, pois, já eram 15h30 e soubemos que as lojas do comércio ficariam abertas apenas até 16h.

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Rodamos um pouco pelo centro de Iquique, mas, realmente não encontramos nada. Ainda recebemos uma informação de que nem todas as lojas funcionaram nesse dia (quinta-feira), pois, o Chile estava sob feriado nacional, de três dias, que havia começado no dia anterior (quarta-feira, 18 de setembro) e que também persistiria até sexta-feira (20 de setembro). Ou seja, entramos no Chile com o pneu do Pedro já totalmente desgastado (careca mesmo), precisando ser substituído, contudo, teríamos que adiar sua troca até entrarmos na Argentina, pois, os dias subsequentes ao feriado seriam justamente o sábado e domingo.

Até mesmo, já começava a imaginar o Pedro parado na estrada, novamente, esperando resgate por causa de pneu furado. Enfim, concluído que a busca por um pneu novo não daria em nada, resolvemos seguir em frente, acompanhados de muitas curvas e belas paisagens.

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro

Foto cedida pelo Pedro


A estrada é, em toda a sua extensão, muito bonita, todavia, de clima bastante frio e com muitos ventos que nos obrigavam a andar devagar e, algumas vezes, com a moto até meio inclinada.

Ahhh, danado! Você quase me enganou

Ótimo! Já era fim de tarde, a viagem estava tranquila, sob um belo dia, pouco movimento de veículos na estrada, um entardecer extraordinário... Logo, supõe-se que terminamos o percurso do dia na maior tranquilidade, sem mais nenhum susto ou infortúnio e, ao final, todos ficaram felizes para sempre.

Sinto muito informar, mas, ledo engano! Nessa parte final do percurso, entre Iquique/Peru e Tocopilla/Peru, observávamos a presença de radares de velocidade sempre que nos aproximávamos de algum vilarejo, o que nos fez redobrar a atenção.

Após passarmos por alguns deles, num ponto de controle da polícia rodoviária, fomos obrigados a parar para averiguação de documentos (palavras do policial que nos solicitou a parada).

Assim, estacionamos as motos e fomos apresentar nossa documentação no guichê da polícia rodoviária, à beira da estrada. Conferidos os documentos, fomos liberados para seguir viagem. Fiquei até surpreso, pois, achei que pudéssemos ter passado rápido por um dos radares e seríamos obrigados a pagar algum tipo de multa.

Enquanto caminhávamos e nos aproximávamos das motos, outro policial se aproximou de nós e disse que estávamos com um problema. Logo pensei: 

"Pronto! Vai acabar a viagem. Está tudo perdido." 

Ele começou a dizer que havia radares instalados ao longo da rodovia e que havíamos ultrapassado a velocidade em um deles. Achei que fosse apenas nos chamar atenção, porém, ele imediatamente emendou uma conversa de que as motos seriam apreendidas e que teríamos que voltar até Iquique/Peru para regularizarmos a situação.

Para esse início de conversa, já estava ficando preocupado, mas, então, continuou dizendo que as motos ficariam retidas até janeiro/2014 para liberar a documentação (viajamos em setembro/2013)... 

"Ahhh! Assim já é demais, fanfarrão!" Pensei. 

E nesse momento comecei a achar que havia algo estranho nesse papo, pois, em países pouco desenvolvidos, tudo bem que se leve uma eternidade para acertar qualquer documentação. Mas, no Chile? Duvido que haveria tanta burocracia assim para liberar uma “motoquinha” que avançou um radar por excesso de velocidade.

Então, logo depois, ele nos perguntou sobre o que fazíamos no Brasil e, sem maiores comentários, devolveu nossos documentos e desejou boa viagem. Na verdade, ele só queria nos dar um susto e alertar sobre o cuidado que deveríamos ter na estrada.

Minha nossa! Como é que vou tomar banho?

Enfim, rodamos mais alguns km e chegamos em Tocopilla/Peru, por volta de 18h30 e decidimos encerrar o percurso do dia.







Depois de abastecermos as motos, ainda demoramos uns 30 minutos procurando um hotel. Ficamos em quartos separados e, dessa vez, a bagunça da foto era só minha.



Pensam que acabou? Infelizmente, não. Quando entrei no banheiro para tomar banho, mais um susto: levei uns 10 minutos só para entender como funcionava o chuveiro. Quase voltei na recepção para pedir o manual de instruções.



Perguntamos à recepcionista do hotel onde poderíamos encontrar um restaurante aberto e ela nos informou que por perto não haveria nada funcionando, mas, somente encontraríamos algo a três quadras dali, junto às festividades do feriado nacional. Chegando lá, demos uma volta nas barraquinhas e fomos jantar. O Pedro, como sempre, não perdia a oportunidade de degustar uma cerveja diferente.





Hotel: $35.000,00 pesos chilenos (US$69,38)

Dicas de viagem

  • No Chile, pelo que consigo recobrar da memória, não passamos por nenhuma praça de pedágio ao longo do percurso realizado.



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