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sábado, 18 de julho de 2015

Dia 17. Muro alto - uma barreira contra o mar


Segunda-feira, 18 de agosto de 2014.
De Pipa/RN a Porto de Galinhas/PE (311 km).

Um grande paredão de arrecifes, de cerca de 2,5 km de extensão, separa o mar da praia. A praia de muro alto, em Porto de Galinhas, é uma visita imperdível. Este é o relato de mais um dia na Expedição Litoral Nordestino, uma viagem de moto que realizei sozinho pelo nordeste brasileiro durante o mês de agosto de 2014. Belíssimas paisagens foram vistas e muitas experiências foram vividas: da calmaria de um encantador pôr do sol em Jericoacoara/CE à fuga alucinada, na calada da noite, em Petrolina/PE... fortes emoções foram vivenciadas. Continue lendo para acompanhar a viagem.

Um dia... Pronto!... Me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer: Que me importa?
O diabo é deixar de viver.
- Mário Quintana.

Trajeto do dia


Preparativos

Ao madrugar de manhã, bem cedo, tinha em mente que Porto de Galinhas, em Pernambuco, seria o próximo destino da expedição. O café da manhã somente seria servido das 8h em diante. Como nesse horário pretendia já estar na estrada, então, na noite anterior comprei achocolatado de caixinha e sanduíche natural que ficaram no frigobar do quarto até o dia seguinte para o desjejum que faria antes de partir.

Assim sendo, com a pança mais que empanturrada, foi um fardo carregar a bagagem escadaria abaixo até o local onde a moto estava. Pensando bem, deveria tê-la transportado antes, mas, o impulso desse tal esfomeado em busca de saciedade foi mais forte.

Com o intuito de não me atrasar na saída, havia acertado a conta do hotel na noite anterior, deixando o caminho livre de atividades burocráticas. Sempre antes de subir na moto, após ter rodado um bom número de km (geralmente uns 400 km, salvo em caso de ter pegado chuva ou estradas de terra), gosto de “passar o olho” pela corrente da moto a fim de saber se já é hora de lubrificá-la.

Consequentemente, enquanto despejava um filete de óleo e cuidadosamente observava, notei que os gomos da corrente já se mostravam razoavelmente gastos e começando a enrijecer-se. Causou-me certa estranheza, pois, era nova e a tinha trocado logo antes do início da expedição.

Leigo que sou em matéria de mecânica de moto, peguei-me imaginando se aquele estado da corrente não me preparava alguma surpresa para mais adiante no caminho. Veríamos. Enfim, fiz o que devia fazer por ora e coloquei-me em movimento, já devidamente montado, porteira afora.




A caminho da BR-101

O tempo estava bom para iniciar a viagem, ao contrário da minha memória, pois, haja vista tratar-se quase de um vilarejo, não foi suficiente para conduzir-me através das vielas de volta à saída de Pipa.






A caminho da BR-101, estando meio que, digamos, um pouco atrasado, pequei o nascer do sol já a certa distância da linha do horizonte. Mesmo assim, não deixou de ser surpreendente.





Depois de alcançar a BR-101, logo me vi sendo cercado por nuvens acinzentadas que vez ou outra despejavam algum chuvisco. Antes porém, tentando ser precavido, assim que percebi que o tempo mau tempo logo viria me incomodar parei em um posto e rapidamente vesti a capa de chuva para continuar viagem.




No meio do caminho uma breve trégua se fez presente...





...até que alcancei a PE-009, momento em que o céu começou a “desabar” de vez. Para a minha felicidade a PE-009 é duplicada e estava em perfeitas condições. É uma rodovia também "pedagiada". Mostrou-se muito bem sinalizada e não houve como errar o caminho até Porto de Galinhas.

Negociando estadia e passeios

Por volta das 11h30 parei em um posto de abastecimento no centro da cidade e perguntei ao frentista sobre onde poderia encontrar uma boa e barata pousada para ficar. Além das informações que ele me deu, também havia um guia fazendo propaganda de um hotel que ficava ali por perto. Aproveitei a oportunidade, perguntei sua localização e logo em seguida parti. 

O primeiro hotel por onde passei, indicado pelo guia e mais perto do centro, era um pouco caro, ou melhor, muito caro, e não ousei passar adiante da recepção nem para verificar como era o quarto.

Não muito distante dali, um pouco mais afastado do centro, encontrei outro hotel de bom preço e muito boa aparência. Decidi ficar. O relógio sinalizava 12h e tão logo terminaram os procedimentos burocráticos de entrada no hotel, indaguei sobre a possibilidade de contratar algum passeio pelas praias da região no período da tarde.

A funcionária respondeu-me que tentaria achar algum guia, entretanto, observou que o preço do passeio poderia ficar mais alto do que de costume, pois, normalmente, começa mais cedo e com mais integrantes por bugue e que, talvez, assim no meio do dia e de última hora, poderia não haver a possibilidade de compartilhar o carro com outras pessoas e convenientemente dividir e diluir o valor do passeio.

De qualquer forma, confirmei minha intenção e pedi que ela, ao menos, pesquisasse e me informasse a respeito dos valores antes de confirmar.

Aproveitei para transportar as malas da moto para o quarto, que ficava no térreo. Enquanto tomava um rápido banho para remover o suor do corpo, escutei o telefone do quarto tocar. Imaginei ter sido a recepcionista do hotel tentando me dar notícias.

Desliguei logo o chuveiro, vesti roupa e fui na recepção saber sobre o telefonema. De fato foi uma ligação da funcionária no intuito de me avisar que conseguira um guia para me mostrar a orla de Porto de Galinhas.

Esse itinerário possui duração normal em torno de cinco horas, mas, por causa da minha correria, faríamos uma versão reduzida de apenas três horas. Disse-me a funcionária que a rota passaria por todas as praias habituais, contudo, que a estada em cada local é que seria de menor duração.

Pois bem, após todos os esclarecimentos terem sido feitos, concordei com os termos da corrida e fechamos negócio. Mas, não sem antes saber também sobre quanto me custaria. O preço total do aluguel do bugue, conduzido por um guia é de R$200,00. Em condições normais, dividindo o bugue com outras pessoas, o valor corriqueiro seria de R$70 para cada turista, contudo, como o bugue sairia somente comigo e ainda faria um tempo menor de passeio o guia terminou por me fazer um bom desconto me cobrando a quantia de R$130,00. Acabou ficando um pouco fora do meu orçamento, porém, pensei que poderia compensar depois economizando em algum outro gasto, como estadia em hotel por exemplo.

Nesse meio tempo pude almoçar tranquilamente, além de conseguir agendar outro passeio, dessa vez de barco, para o dia seguinte. Dessa maneira, conheceria as praias da região por terra e mar.

De ponta-a-ponta

Às 14h o guia (Bidu) pediu que avisassem-me sobre sua chegada e, então, fui ao seu encontro. "De ponta-a ponta" era o nome do passeio que percorreria de norte a sul as praias da cidade e redondezas. Contornamos uma praça aqui, viramos uma esquina ali, desviamos de um coqueiro acolá... e não demorou muito até chegarmos à primeira praia, em Maracaípe/PE.





Andei um pouco pela praia que, naquele dia e horário, estava deserta. Nela há um bar com boa estrutura e que também possui chuveiros para poder tirar a água do mar. Foi por esse local que acessei a praia.




A praia de Maracaípe tem maior ventania e possui ondas mais agitadas. É o “point” dos surfistas. Além do mais as paisagens são belíssimas, típico cenário de filmes.

Seguimos em frente...



Fiquei admirado com a quantidade de coqueiros pelo caminho...





Muro alto 

Passadas muitas belas paisagens, chegarmos até a praia de “muro alto” localizada no lado norte de Porto de Galinhas. Recebeu esse nome por causa da extensa barreira de corais, de quase 2,5 km, formada a alguns metros costa. Quando a maré está mais baixa é possível ver e nadar nas piscinas naturais que se formam entre os arrecifes.



Da mesma forma como na outra praia, esta também estava quase que deserta a não ser pela presença de alguns poucos turistas que se encontravam perto de uma barraca que ali havia. Não há muita infraestrutura para os turistas nesse local.





Então, fiz uma pequena caminhada ao longo da praia... de tão calmas as águas parecem mais com as de uma lagoa do que com as de mar.







Depois de algum tempo, voltamos ao bugue e o guia levou-me até o ponto de início da praia de “muro alto”.



Uma volta pelo centro da cidade

Daí em diante iniciamos o retorno até Porto de Galinhas e ao chegarmos pedi a ele que me deixasse no centro a fim de poder andar um pouco e conhecer o local.


Fui andando até chegar à praia principal da cidade, a “Praia da Vila”. Nela pode-se encontrar ótima estrutura para turistas, pois, há vários restaurantes. É a partir daí que saem as várias jangadas em direção às piscinas naturais localizadas na praia de “muro alto”.


A noite já ia se fazendo presente quando comecei a retornar para o hotel. Enquanto andava fui observando as várias pequenas lojas com artigos de artesanato da região. Num determinado ponto, avistei um anúncio que me causou bastante interesse: “Venha comer a melhor tapioca da região”. Então, com o estômago vazio e começando a sentir os efeitos da fome, não ousei contrariar a curiosidade. Comprei logo duas tapiocas para devorar assim que chegasse no hotel.

Ia andando tranquilamente quando, de repente, comecei a sentir alguns pingos d’água caírem, e foram se tornando cada vez mais fortes até o ponto em que não deu mais para enfrentá-los. Chegar molhado no hotel não seria problema, pois, com o calor que fazia, seria diversão um banho de chuva, contudo, apesar da boa brincadeira, as tapiocas estavam bem quentinhas e inteiras e não estava nem um pouco disposto a tomar sopa de tapioca. Consequentemente, terminei por pagar um táxi para completar o restante do caminho.

Ao fim do dia, e de depois de ter devorado o jantar, dei atenção às atividades de costume: fiz um backup das fotos e vídeos gravados ao longo do dia e  atualizei o diário de viagem, relatando em minha pequena caderneta os acontecimentos vividos durante o dia.

Hotel: R$130,00

Dicas de viagem

  • Tente visitar a praia de “muro alto” quando a maré estiver baixa a fim de poder apreciar a beleza e nadar nas piscinas naturais.
  • É bom levar chinelo ou sandália para andar em cima dos arrecifes, pois, de pés descalços será mais difícil se locomover.



SOBRE O AUTOR

2 comentários:

  1. Parabéns pelo Blog e pela a riqueza de detalhes que conta os acontecimentos!

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    Respostas
    1. Olá. Obrigado!
      A intenção é essa: contar a experiência em detalhes para motivar e esclarecer.

      Um abraço!

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