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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Dia 03. Férias 2014 - Aberta a temporada de passeios


Segunda-feira, 04 de agosto de 2014.
Lençóis/BA (0 km).

No terceiro dia de férias começa a temporada de passeios das férias de 2014. Um dia de visita a diversos pontos turísticos na Chapada Diamantina... Este é o relato de mais um dia na Expedição Litoral Nordestino, uma viagem de moto que realizei sozinho pelo nordeste brasileiro durante o mês de agosto de 2014. Belíssimas paisagens foram vistas e muitas experiências foram vividas: da calmaria de um encantador pôr do sol em Jericoacoara/CE à fuga alucinada na calada da noite em Petrolina/PE... fortes emoções foram vivenciadas. Continue lendo para acompanhar a viagem.
Quem está na vida a passeio tem como maior preocupação ver, preferencialmente, as belas paisagens. - Graça Leal


Trajeto do dia

  • Cachoeira do Pato;
  • Poço do Diabo;
  • Morro do Pai Inácio;
  • Gruta da Lapa Doce;
  • Gruta Azul;
  • Gruta da Pratinha;
  • Lagoa da Pratinha.
Foto retirada da internet. Meramente ilustrativa.


Será que esqueceram de mim?

Muito bem, já era hora. Estava aberta a temporada de passeios das férias de 2014 e, às
7h, encontrava-me pronto para levantar da cama. Como combinado na noite anterior, os guias do passeio chegariam na pousada a partir das 8h30. Lembro que havia tentado marcar a visita aos poços Azul e Encantado primeiramente, contudo, por ser um passeio demorado e de logística mais complicada, não houve a possibilidade de contratá-lo antes. No caso desse trajeto as agências preferem que o carro saia com lotação cheia, porém, ainda havia lugares disponíveis. Assim, deixei meu nome e telefone para que pudessem contatar-me na hipótese das cadeiras restantes serem ocupadas.


Apenas como uma dica, se você quiser realizar um determinado passeio e não houver disponibilidade, num primeiro momento, deixe seu nome / telefone como interessado em todas as agências que encontrar, pois, como elas costumam fazer muito remanejamento de pessoas para os passeios, caso aconteça de surgir um grupo de última hora você poderá ser avisado em tempo. Outra possibilidade, caso tenha disposição para isso, é pagar o aluguel total do carro a fim de que ele parta mesmo sem estar totalmente lotado. No entanto, garanto que ficará bem mais caro do que pagar apenas pelo seu lugar. Enfim, fica a critério de cada um...

Então, troquei de roupa, terminei de arrumar algumas coisas que levaria (acessórios de montagem da câmera, baterias extras, água...), tomei café e sentei-me na varanda em frente ao meu quarto para esperar a chegada da carona do dia. Fiquei de prosa com a dona da pousada, uma pessoa bastante atenciosa.



Passado das 8h30, estando os guias um pouco atrasados e eu relativamente apreensivo, liguei na agência para saber se não tinham se esquecido de mim. Contudo, a funcionária tranquilizou-me dizendo que estavam a caminho e logo chegariam.

Dito e feito. Imediatamente depois de chegarem, foi a conta de entrar na van para seguirmos em frente, rumo ao primeiro ponto turístico: o Poço do Diabo.

(Na foto abaixo, à esquerda, o Diego, de temperamento agitado e falador e, à direita, Josemar, mais quieto e contido, porém, não menos “boa praça” do que seu parceiro de trabalho).




Não vá pular. É o Poço do Diabo.

Depois de alguns km no sentido para noroeste, na BR-242, praticamente a 20 km de Lençóis/BA, chegamos ao ponto de entrada que daria acesso à primeira atração turística.


Foto retirada da internet. Meramente ilustrativa. 

Foto retirada da internet. Meramente ilustrativa.

Nesse lugar há um restaurante, com pequenas lojinhas, onde se pode comprar artesanato da região e lembranças de viagem. Poucos passos adiante, percorrendo pelo interior do restaurante, seguimos o guia por uma estreita trilha que nos levaria à Cachoeira do Pato e ao Poço do Diabo.




Primeiramente, após uns 10 minutos de caminhada, passamos pela Cachoeira do pato.





Mais à frente, uma breve parada para mais fotos... e outros 15 minutos caminhando pela margem do riacho...







...Até chegarmos ao Poço do Diabo, de paisagem deslumbrante e atividades radicais para os mais aventureiros. Lá de cima, onde estávamos inicialmente, já pude perceber um longo cabo de aço que ia do alto até o chão e que se destinava à prática da tirolesa.





Além disso, disseram-me que aqueles com espírito realmente mais radical, preferem literalmente saltar lá de cima, do alto de mais de 20 metros. Incrédulo, ao final do dia, até mesmo busquei na internet por vídeos e embasamento teórico que pudessem comprovar a veracidade da história e realmente verifiquei ser verdade. A profundidade do poço é razoável, permitindo tal prática entre os mais corajosos.

Entretanto, ATENÇÃO!!!

NÃO vá pular lá de cima, como um louco, só porque comentei aqui que alguns turistas costumam fazê-lo, hein! Os vídeos que encontrei na internet comprovam a história que ouvi, contudo, não sei dizer se aquelas pessoas que pularam o fizeram sob condições milimetricamente calculadas e em determinadas épocas do ano onde o volume de água do poço pudesse estar maior tornando a profundidade da água segura para o salto. Então, se você, engraçadinho (a), resolver pular e consequentemente se esborrachar lá embaixo, e ainda "rachar a sua cuca", não venha depois puxar o meu pé à noite. Você entendeu, assombração?

Enfim, a mesma sorte, de poder escolher entre saltar ou descer a pé pela trilha, não tiveram os escravos que trabalhavam nas minas de diamante do passado, pois, aqueles cujo impulso de estarem libertos era mais forte do que a resignação pela obediência acabaram sendo mortos e jogados no poço por seus patrões... o que ocorria quando tais escravos eram descobertos roubando diamantes para, no futuro, tentarem comprar sua própria liberdade.

Verdade, ou apenas lenda, não sei. Perdoe o(a) leitor(a) a ignorância e inocência desse que lhes conta agora o que lhe foi contado outrora, pois, não me dei o trabalho de pesquisar a respeito e mais à fundo nos livros de história. Por hora apenas repito um conto para o qual, algum reforço, encontrei dias depois na internet.

Fonte: http://www.adjorisc.com.br/jornais/dopovo/celso-carvalho/chapada-diamantina-o-poco-do-diabo-1.733696#.VEQ8vmddV8F

Mais alguns metros de caminhada e chegamos até a base do poço. Ali, o guia nos liberou para um banho e para aproveitarmos as atividades que disponibilizavam na cachoeira tais como a tirolesa e o rapel. Porém, como a água estava bem gelada, preferi não entrar e apenas optei por registrar minhas fotos do lado de fora.





Ali ficamos por volta de 30 minutos e, então, terminado o tempo, o guia nos reuniu para voltarmos e seguirmos para a próxima atração. De lá, continuando por mais uns 7,5 km pela BR-242, chegamos ao Morro do Pai Inácio, um dos cartões postais da região.


Pega. Pega.

Após sairmos da estrada asfaltada e entrarmos na de chão de terra, percorremos poucos km até a guarita que permite o acesso à trilha do morro.


Foto retirada da internet. Meramente ilustrativa.

A partir daí, inicia-se um caminho pelas pedras até o alto. A subida é relativamente tranquila, mas, aqueles sem muito preparo físico podem encontrar um pouco de dificuldade para avançar. O ideal é não utilizar chinelos ou sandálias, pois, como o trajeto é bastante irregular, quem não está acostumado com esse tipo de terreno pode acabar  torcendo o pé por causa dos calçados e irregularidades do terreno. Aliás, não chegue muito perto da beirada porque você estará à beira de um penhasco e a vegetação, densa em alguns pontos, pode esconder algum buraco. Pode apostar, um buraco muito profundo.



Além disso, alerto que venta o tempo todo. Então, para os mais friorentos, a insistência do vento poderá causar uma sensação de frio desconfortável à medida que se alcança o cume.



Num determinado ponto, cruzamos com um grupo de pessoas que já tinha subido e, agora, voltavam para a base da montanha.



É preciso tomar cuidado também com a parte final do trajeto de subida, pois, há alguns degraus bastante íngremes que requerem maior impulso e um certo movimento de escalada para galgá-los. Depois disso, restará apenas o prazer de apreciar a bela vista ao redor que, do alto do morro, alcança os 360 graus.





A respeito do Morro do Pai Inácio também contam um conto, que passo a recontar agora: reza a lenda que havia um escravo, pertencente a uma das propriedades próximas, que se engraçou com sua sinhá que à época o tomou por amante. Consequentemente, seu senhor, tão logo tenha descoberto tal condição, ordenou a um capataz que tirasse a vida do escravo “Don Juan”.

Digna dos grandes filmes de Hollywood, deu-se início a uma perseguição implacável em busca do escravo que, tendo bom conhecimento da região, correu em busca de refúgio no morro que hoje possui o seu nome. Porém, cercado por seu senhor, sem saída, não vislumbrou outra alternativa a não ser a de lançar-se montanha abaixo, ceifando a própria existência.

Foi o que pensaram, mas, de forma astuta, o escravo havia pulado em uma das fendas da rocha e, dando a volta, despistou seus perseguidores e fugiu.


Assim como para as informações do Poço do Diabo, não fui verificar nos livros de história a respeito do que de fato aconteceu. Por ventura, o(a) leitor(a) que tiver alguma informação que comprove ou desminta essa versão, fique à vontade para explicar, pois, não há dúvidas que os esclarecimentos serão aqui acrescentados.O Morro do Pai Inácio pode ser visitado no horário de 9h às 17h.






Belas esculturas!

Depois, após muitas fotografias, voltamos para a van e “corremos” para a Gruta da Lapa Doce.

Seguindo mais um bocado pela BR-242, desviamos para a BA-122 e uns 14 km depois o motorista entrou numa estrada de terra, à esquerda de quem segue para Iraquara/BA. Quem vai sem guia precisa prestar muita atenção porque as placas que sinalizam a entrada para a gruta são bastante pequenas, podendo não ser percebidas facilmente.




Desse modo, depois de nos desviarmos para a estrada de terra, percorremos poucos km até chegarmos ao ponto a partir do qual teríamos que seguir a pé até a gruta. Ela 
está localizada no município de Iraquara/BA e é tida como a terceira maior do Brasil possuindo 20 km mapeados, dos quais cerca de 850 metros estão disponíveis para visitação, que é realizada em pequenos grupos de até 12 pessoas. 
Fonte: www.chapadadiamantina.com.br

Para visitar a gruta paga-se um valor de R$15,00, porém, não precisei pagar porque essa quantia já estava inclusa no pacote de passeios da agência de turismo. Pois bem, antes de continuarmos, cada um de nós recebeu uma lanterna a fim de que pudesse iluminar os passos dentro da gruta e para melhor observar as formações rochosas no seu interior. Então, dada a largada para a caminhada, descemos por uma pequena trilha até chegarmos à enorme entrada da gruta.






No passeio, que dura de 1h a 1h30, à medida que seguíamos uma bem demarcada trilha, pudemos ver belíssimas formações de estalactites e estalagmites.




Em dado momento, o guia propôs que apagássemos todas as lanternas e ficássemos em total silêncio para vivenciarmos as sensações do ambiente interior da gruta. Nesse momento em que todos estávamos silenciados e em completa escuridão pude imaginar um pouco a sensação de ficar perdido no interior de uma caverna. Andar naquela escuridão total seria extremamente difícil e penoso.

Mas, por ora, não estávamos perdidos e continuamos bem o passeio, visualizando as enormes e belas esculturas formadas pela água.






Já no exterior da caverna, ao final da trilha de retorno, “demos de cara” com um pequeno ponto de apoio onde pudemos nos hidratar. Terminamos por almoçar em um restaurante bem próximo da gruta.






Agora sim, vamos cair n'água.

Saciada a fome, era hora de partirmos para mais um ponto turístico. Dessa vez, o destino foi a Gruta Azul localizada na mesma fazenda da Gruta da Pratinha. Ao chegarmos à entrada da fazenda registrei a foto de uma bela casinha feita de barro e argila.



Uns 300 metros distante dali chega-se à entrada da Gruta Azul onde é proibido nadar.





O melhor horário para visitação é após as 14h, momento em que os raios do sol incidem de forma mais direta no interior da gruta formando um surpreendente efeito azulado na cor da água.




Voltamos pelo mesmo caminho e, do outro lado, fomos conhecer a Gruta e a Lagoa da Pratinha. Antes disso, ainda na entrada da fazenda, comprei bilhetes para realizar algumas atividades - flutuação e tirolesa - na gruta e na lagoa, respectivamente.




A primeira delas foi a flutuação na Gruta da Pratinha. Confesso que já estava ansioso por "cair" na água e do alto de uma pequena escadaria avistei a entrada da gruta, com água de cor esverdeada e bastante límpida.



Logo coloquei o colete salva-vidas e entrei na água. Guiados por um mergulhador seguimos vários metros pelo interior da gruta até alcançamos um ponto onde a luz não mais conseguia chegar e, assim como na Gruta da Lapa Doce, desligamos todas as lanternas. A escuridão era total.  Ficamos assim por alguns segundos e a sensação de desorientação que se fez presente, ainda mais estando dentro d’água, foi angustiante.

Após uns 15 minutos de passeio, voltamos à entrada da gruta onde ficamos liberados para mais alguns instantes de “nado livre”.



Terminada a visita à gruta, era hora da ação. Então, subi de volta as escadas a caminho da plataforma da tirolesa que ficava a poucos metros dali e cujo salto terminava na Lagoa da Pratinha.




Na lagoa também havia uma lanchonete para apoio aos turistas.



Aproveitamos o local por mais meia hora até que o guia nos convocou para retornarmos à cidade de Lençóis/BA.




E o sol se põe.

No caminho de volta vi a oportunidade de registrar, de dentro do carro mesmo, algumas belas imagens do fim de tarde.




Ao chegarmos em Lençóis/BA acertei o valor do passeio e, apressadamente, percorri todas as agências de turismo onde havia deixado meu nome a fim de saber se algum grupo havia sido formado para os poços Encantado e Azul no dia seguinte. Caso contrário, teria que escolher outro roteiro. Entretanto, para a minha alegria, uma delas havia conseguido organizar o passeio.



Após tudo acertado, retornei à pousada para tomar um banho e aproveitei para fazer o backup das imagens e vídeos registrados durante o dia. Depois, ainda voltei à praça central para comer algo. Comprei um ótimo sanduíche natural de atum no mesmo local da noite anterior e então, por volta das 22h, já no quarto da pousada, cansado, encerrei as atividades do dia.

Hotel: R$70,00


Dicas de viagem

  • Aqueles que pretenderem banhar-se no "Poço do Diabo", é aconselhável que vistam a roupa de banho no banheiro do restaurante que há no início da trilha, pois, após esse ponto não haverá mais nenhum lugar onde será possível fazê-lo discretamente. Em outras palavras, se deixar para trocar de roupa depois, terá que achar alguma moita para se esconder. E nesses tempos em que todo celular praticamente já tem uma câmera de vídeo, eu não me arriscaria a ser pego desprevenido. A não ser, é claro, que você seja uma pessoa mais desinibida e não se importe muito com isso, aí o problema passa a ser seu, pois, são as suas nádegas que vão para a internet mesmo.
  • Se for visitar o Morro do Pai Inácio é bom levar uma blusa de manga comprida, pois, venta constantemente, podendo levar os mais friorentos a ficarem um pouco incomodados com a sensação de frio.
  • Caso não encontre programação de passeio para algum ponto turístico que você queira visitar na região, deixe seu nome e informações de contato no maior número de agências que conseguir, pois, dessa forma, se acontecer de algum grupo se formar de última hora, você poderá ser comunicado e chamado para o passeio. Não desista! As agências fecham por volta das 22h e até o último instante haverá a possibilidade de surgirem pessoas interessadas no mesmo itinerário que você deseja.



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