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domingo, 7 de dezembro de 2014

Dia 06. Um olho no volante e outro nos roda-duras


Quinta-feira, 07 de agosto de 2014.
De Petrolina/PE a Teresina/PI (635 km).


Em mais um dia da expedição ao Nordeste, a viagem continua rumo aos Lençóis Maranhenses e outro Estado é alcançado, o Piauí... Este é o relato de mais um dia na Expedição Litoral Nordestino, uma viagem de moto que realizei sozinho pelo nordeste brasileiro durante o mês de agosto de 2014. Belíssimas paisagens foram vistas e muitas experiências foram vividas: da calmaria de um encantador pôr do sol em Jericoacoara/CE à fuga alucinada na calada da noite em Petrolina/PE... fortes emoções foram vivenciadas. Continue lendo para acompanhar a viagem.
Tempos de muita calmaria sempre me causam aflição! - Red Rose

Trajeto do dia


Hummm! Você vai ter que dar a volta


Depois do susto e das dificuldades vividas no início da noite anterior em que saí às pressas do primeiro hotel onde me registrara, consegui encontrar um lugar onde pude dormir e descansar com mais calma. Penso que com toda aquela desconfiança que havia ficado foi muito melhor ter mudado o local de pernoite, pois, se tivesse continuado no primeiro lugar contratado, sem dúvida nenhuma, não teria dormido direito e muito provavelmente não descansaria o suficiente.


Por outro lado, tendo achado um hotel onde pude me sentir mais seguro, consegui dormir em paz. Acordei um pouco depois das 6h, troquei de roupa e imediatamente comecei a arrumar meus pertences. Ao final da arrumação tomei café, no quarto mesmo, e comi uns biscoitos que tinham sobrado.

Estando tudo pronto e organizado, passei na recepção e paguei a hospedagem. Depois, ainda precisei carregar tudo até a garagem que estava localizada uns duzentos metros dali, na esquina da outra quadra. Como o portão ficava constantemente fechado, então, um funcionário acompanhou-me até lá para abri-lo. Após armar a bagagem na moto, finalmente, iniciei a viagem.

Como na “fuga” da noite anterior só me preocupei em encontrar logo um hotel para ficar, então, não consegui prestar muita atenção no caminho feito para chegar até ali. Consequentemente, precisei pedir alguma informação para encontrar a avenida principal em que estava na noite passada (que era a própria BR-407) e por onde seguiria até a saída da cidade.



Após alguma ajuda, terminei por encontrar a avenida que procurava, porém, eu estava no sentido contrário e, assim, ainda precisei percorrer toda a extensão da ponte sobre o Rio São Francisco a fim de fazer o retorno para a direção correta. Isso foi até muito bom, pois, valeu-me boas imagens da ponte e do rio.





Agora sim, toca em diante

Por conseguinte, feito o retorno e alcançado o rumo certo na avenida principal, na saída de Petrolina/PE, parei em um posto de abastecimento para encher o tanque da moto e, então, tendo uma conversa com um senhor que se aproximou de mim para saber de onde eu vinha, recebi boas dicas a respeito de como estaria a estrada no trajeto que iria seguir. Ele comentou que até Teresina/PI o asfalto era muito bom, mas, que poderia estar em manutenção em alguns trechos.



Até então, desde que saí do hotel, o GPS estava guardado, mas, foi daí em diante que decidi mantê-lo sempre ligado e acoplado ao suporte para o caso de precisar encontrar rapidamente um caminho a tomar. Vinha resistindo a essa ideia por achar que poderia chamar um pouco a atenção, contudo, logo atinei que esse era um pensamento totalmente descabido, pois, o simples fato de andar todo “encapotado” com um macacão de viagem como eu estava já era mais do que um bom motivo para atrair atenção.

Confesso que desde Montes Claros/MG não tinha visto nenhum motociclista em moto de maior cilindrada e o mesmo senhor com quem acabara de conversar havia comentado a respeito de não ser ver muito quem passasse por ali nas condições em que eu me apresentava.



Seguindo a viagem, somente via retas à minha frente e algumas leves curvas surgiam entre longos intervalos dirigindo na mesma direção, lembrando-me o Chaco argentino de aventuras passadas.




A vegetação, sempre seca e rasteira, por vezes escondia um par de cabras, isso quando elas não se reuniam perigosamente à beira da rodovia para inadvertidamente cobiçarem a moita do outro lado da estrada que, imagino, deve ser sempre mais apetitosa.



O tempo, que já não estava em boas condições, logo começou a despejar uma leve chuva, obrigando-me a parar em um posto de abastecimento para vestir a capa de chuva que levava na bagagem.



Também posso dizer que as condições do asfalto eram ótimas e a sinalização impecável. Logo alcancei a divisa Pernambuco / Piauí.



Vida de motociclista é assim: ora passa frio, ora passa calor; ora põe capa de chuva... e, depois que a coloca, em algum momento vai ter que tirá-la.




Fique esperto com essa cambada

Bem, ao longo de toda essa distância percorrida até aqui pude, naturalmente, perceber algumas atitudes mais frequentes dos motoristas nas estradas e uma delas era a péssima cultura de, ao precisar cruzar a estrada, sair da pista da direita e passar direto para o acostamento do outro lado... muitas vezes sem sequer sinalizar essa intenção, deixando para o motorista que vem atrás a possibilidade de ser surpreendido por uma possível cagada do mal educado que vai à frente.

Costumo dirigir sempre na defensiva, principalmente quando estou de moto e, depois do que vi, fiquei mais atento ainda, evitando ultrapassar veículos quando há alguma saída ou desvio que permita ao motorista virar à esquerda. Vejam se conseguem identificar a placa desse sujeitinho aí. Depois, mandem a multa pra ele, por gentileza.



Em Picos/PI, por volta do meio-dia, enquanto seguia pela estrada e cruzava a cidade, avistei um desses postos de abastecimento com hotel e restaurante integrados ao lado da rodovia. Como já estava com fome, decidi parar e resolver esse assunto de uma vez. Por acaso, pedi um misto quente.

Em tom apreensivo pode indagar-me o(a) leitor(a) se já tinha me esquecido do que acontecera na última vez que solicitei o preparo de um sanduíche desses?

— Não, não esqueci! E contrariando todas as superstições, haja vista que o último foi deixado para trás, eu realmente queria comer um misto quente... e foi isso que pedi para a cozinheira fazer.

— Ótimo! De “pança” cheia, vamos em frente... e a digestão se faz pelo caminho.

Após deixar Picos/PI, um caminhão que aparentemente não conseguiu subir a ladeira voltou de ré e quase saiu da estrada, deixando meia pista interditada.



Mais à frente, o asfalto e a sinalização que se mostraram muito bons até aqui, nesse trecho, estavam em fase de manutenção e o lado da pista por onde eu seguia se encontrava inacabado e com muita sujeira. Havia pedrinhas e farelo de asfalto espalhado por todo o chão o que me obrigou a reduzir a velocidade a fim de evitar qualquer problema.



Ao final desse pedaço de pista, uma parada obrigatória manteve-me esperando por pelo menos 20 minutos. Diferente era a roupa do funcionário (olha quem fala, vá se olhar no espelho). Para evitar a incidência direta dos raios do sol ele havia vestido até capuz e luvas. Fez bem, apesar do calor que imagino que ele poderia estar sentindo.




Enquanto aguardava, sabe-se lá por qual motivo, um ônibus decidiu não obedecer a sinalização e passou direto pelo ponto onde deveria parar e esperar pela autorização de passagem. Paciência!



O asfalto estava bem melhor do que nos últimos km e logo imaginei que tinha passado pela pior parte. Ledo engano. Agora, via-se a pista toda suja de terra, por fazer e, não longe dali, já sem asfalto nenhum. Somente terra e poeira.



— Maravilha! – Diriam os mais aventureiros! Mas, não depois de verem alguns irresponsáveis ultrapassando na “terceira faixa” (pela contramão), quase alcançando os funcionários da manutenção no acostamento do outro lado da estrada.



Passados alguns poucos km, a situação melhorou.



À medida que aproximava-me de Teresina/PI, pensei que com maior possibilidade de fiscalização do que no interior, as pessoas se sentiriam mais coagidas a respeitar as leis de trânsito, contudo, não foi isso que vi. Parece que, mesmo estando próximas aos grandes centros, muitas pessoas pouco se importavam em seguir as regras, a começar por esse motociclista sem capacete...



Depois, bem próximo a Teresina/PI, flagrei muitos veículos ultrapassando pelo acostamento, num frenesi alucinado.




Enfim...

Ao final do dia, pouco depois das 17h, cansado e abatido pelo calor do sol, decidi ser o momento mais apropriado para encerrar as atividades de viagem desse dia. Ainda teria que atravessar parte da cidade até encontrar a saída para a BR-316, porém, essa seria uma tarefa para a manhã seguinte porque imaginei que as condições do trânsito só iriam piorar dali para frente.

Para não perder o costume, solicitei uma informação aqui, outra ali, em busca de um hotel para pernoitar. A partir das referências que colhi pelo caminho, consultei no GPS os hotéis disponíveis nas proximidades de onde eu estava e, assim, seguindo a direção dada pelo aparelho, cheguei exatamente no mesmo hotel indicado pelas pessoas a quem havia consultado anteriormente.





Tendo recebido as chaves do quarto, era hora de realizar os procedimentos corriqueiros do dia-a-dia de viagem:
  • avisar os familiares acerca de onde iria dormir;
  • descarregar a bagagem;
  • colocar as baterias da câmera para carregar;
  • realizar o backup das imagens e vídeos registrados durante o trajeto;
  • banho;
  • ... e cama.
Aliás, antes de realizar essas tarefas, ao lubrificar a corrente da moto, percebi que o arame improvisado que prendia o protetor de corrente estava quase arrebentando. Dessa forma, precisei remendá-lo (Consulte o relato do “Dia 02. No meio do caminho tinha uma pedra, ou melhor, buracos”, para saber / lembrar o que aconteceu).

Enfim, comi um lanche no próprio hotel e, depois, “puxei o ronco”.

Acomodações do dia:


Hotel: R$130,00

Dicas de viagem

  • Se o tempo estiver muito nublado, ou chuvoso, sugiro que você procure um local para que possa vestir a capa de chuva antes que ela comece a cair, ou já saia do hotel com a vestimenta, pelo menos, com a calça do conjunto. Não deixe para colocar a roupa de chuva quando começar a chover, pois, talvez você não tenha tempo de terminar sem ficar todo molhado antes. Estar molhado no calor é diferente, pode até ser refrescante, mas, no frio, já lhe dou este aviso: por experiência própria, é melhor você ficar esperto.
  • Tenha atenção constante na estrada. Respeite a sinalização e não descuide de vigiar os outros motoristas a fim de tentar prever seu comportamento ou para, pelo menos, não ser pego de surpresa.
  • Se em sua viagem você estiver de posse de um GPS, havendo condições, mantenha-o sempre ligado e exibindo a rota ser percorrida, pois, em algumas situações, uma simples olhadela na tela do aparelho poderá esclarecer as dúvidas, economizando o tempo de ter que parar para solicitar informações ou programar o GPS.



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