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domingo, 29 de março de 2015

Dia 13. Brincando como criança


Quinta-feira, 14 de agosto de 2014.
De Canoa Quebrada/CE a Aquiraz/CE (150 km).


Às vezes é bom esquecer todos os problemas da vida adulta e, ao menos por alguns instantes, voltar a ser criança. Um dia de loucas brincadeiras nos tobogãs de um parque aquático. Insano!  Este é o relato de mais um dia na Expedição Litoral Nordestino, uma viagem de moto que realizei sozinho pelo nordeste brasileiro durante o mês de agosto de 2014. Belíssimas paisagens foram vistas e muitas experiências foram vividas: da calmaria de um encantador pôr do sol em Jericoacoara/CE à fuga alucinada, na calada da noite, em Petrolina/PE... fortes emoções foram vivenciadas. Continue lendo para acompanhar a viagem.

Ainda que por alguns momentos, é bom sonhar ser criança, lembrar das brincadeiras e alegrias da infância. - Autor desconhecido

Trajeto do dia



Um alvorecer magnífico

O alarme tocou mais cedo do que de costume, ainda de madrugada. Eram 5h15 da manhã quando deixei o hotel, porém, naquele momento o destino não era a estrada. Como mencionado anteriormente, em outro relato, tinha por desafio assistir a todo amanhecer e pôr do sol que me fosse possível ver até o fim da viagem.

Consequentemente, caminhando pelas ruas desertas de Canoa Quebrada/CE, me dirigi rapidamente para a famosa passarela que fora erguida sobre as falésias. Andei por volta de 10 minutos até chegar onde pretendia. O prenúncio de um grande acontecimento pairava no ar, comprovado por uma aurora magnífica...



... e pela lua que ainda se fazia presente, imponente, a disputar com o sol pela atenção dos “abobados”, seus admiradores.




Daí em diante, foi somente esperar o espetáculo principal começar.




Assim que o dia raiou de vez, coloquei-me a caminhar de volta até a pousada para pegar a moto e “zarpar”.








Pé na estrada

A bagagem já estava totalmente arrumada e eram 6h30 quando sai para a rua. Canoa Quebrada/CE ficaria para trás. Apesar de ter passado apenas uma tarde nessa pequena cidade, penso que consegui cumprir o principal objetivo que havia traçado para cada ponto turístico da viagem... que era o de visitar o local planejado e realizar um passeio de bugue e/ou barco pelas redondezas a fim de conhecer um bocadinho da localidade.

Dessa forma, era o momento de seguir em frente e partir para a próxima atração. Na verdade não seguiria adiante, para o sul, mas, literalmente, retornaria um “cadinho” (como se diz aqui nas Minas Gerais) de km até a cidade de Aquiraz/CE (a poucos minutos de Fortaleza/CE) onde está localizado o parque aquático Beach Park.


Logo na saída da cidade “dei de cara” com uma bela paisagem.



Sempre gosto de deixar a moto com o tanque cheio para não perder tempo no início do trajeto, mas, como não deu jeito no dia anterior, então, precisei parar no primeiro posto que encontrei no caminho, bem perto de Canoa Quebrada/CE.



Muito bem! Vamos em frente.



No início, avistei belas paisagens. Na maior parte do caminho andei em pista duplicada com vários radares.




Como o trajeto era curto, logo cheguei ao destino: Aquiraz/CE.




Onde vou me hospedar?

Já tinha pesquisado, anteriormente, por hotéis/pousadas na cidade e sabia que estavam localizados perto do parque aquático. Então, parei a moto e retirei da bagagem a minha lista de hotéis/pousadas a fim de entrar em contacto e tentar encontrar alguma vaga.




Após ter passado por ruas de terra ou com pouco calçamento, consegui vaga em uma pousada localizada a duas quadras do Beach Park.



Descarreguei e guardei minhas coisas. Até tinha pensado em sair e dar uma volta na praia, mas, optei por descansar um pouco até próximo do horário de abertura do parque, às 11h. 



Está na hora. A brincadeira vai começar

Assim, quando deram 10h30, deixei o hotel a caminho do Beach Park. Minha distração foi tanta que ao chegar à entrada do parque e ligar a câmera para registrar fotos percebi que havia esquecido de recolocar o cartão de memória e, consequentemente, precisei retornar ao hotel para buscá-lo. Terminei tendo que gastar dinheiro com táxi para ser mais rápido. Paciência!

Tão logo retornei ao ponto de entrada do parque o registro das fotos recomeçaram.



Ao avançar cheguei num dos pontos de bilheteria onde pude alugar um armário para guardar meus pertences.




Outro ponto importante a estar atento é que dentro das dependências do Beach Park não se pode utilizar dinheiro (em espécie) para comprar alimentos. Naturalmente, o que deve ser feito é carregar o Beach Card com uma estimada quantia de dinheiro que se irá gastar lá dentro. Dessa forma, para comprar qualquer coisa utiliza-se esse cartão e, ao final do dia, caso haja algum saldo remanescente, basta passar em um dos postos de troca para que a diferença restante seja devolvida para o cliente.


Ao olhar o cardápio de preços praticados confesso que torci o nariz para os altos valores. Mesmo assim, carreguei o cartão com alguns trocados, o suficiente para um bom lanche de fim de tarde, e segui em frente admirado com a quantidade de coqueiros pelo caminho.



Também passei pela “praia do Beach Park” onde pude ver várias mesas e cadeiras dispostas para serem utilizadas pelos clientes, inclusive, com funcionários para atender pedidos da comida servida pelo restaurante do parque.




Mais à frente, um detalhado mapa contendo alguns pontos de referência e a localização das atrações.




Comprei minha entrada na bilheteria localizada em um ponto com uma bela vista para o mar.






Fazendo o reconhecimento inicial do ambiente

Ótimo! Com todos os procedimentos burocráticos finalizados e passagem livre, era o momento de começar a aproveitar o dia de brincadeiras. Bem à frente da catraca que dá acesso à área das piscinas avistei o quiosque onde ficam os armários guarda-volumes.



Rapidamente guardei meus pertences e caí no mundo... o mundo da diversão.


Ao começar a andar e fazer o reconhecimento inicial logo percebi uma das principais e a mais radical das atrações - um enorme escorregador, da altura de um prédio e cuja inclinação nos faz pensar que a descida é em queda livre: era o INSANO! De longe já me deu arrepios, daqueles que até “rupia” os cabelos.



Pensei bem comigo mesmo:


— Eu hein! Vou é achar umas dessas piscinas (como a das focas na foto aí de cima) onde a água só chega até o joelho e brincar com a criançada mesmo. Vai ser mais seguro.


Espirrando água para tudo quanto é lado

Inicialmente, fui andando a esmo, procurando por diversão. Confesso que se tivesse olhado com mais atenção o mapa na entrada do parque, ou antecipadamente pela internet, não estaria tão perdido, mas, pouco tempo depois encontrei a primeira atração do dia. Foi um escorregador pelo qual a descida é realizada deitado em uma prancha. Lá fui eu...



No início, apenas umas gotinhas espirravam...





... porém, a partir de um determinado ponto, e até o final, foi só água na “cara”.




Depois dessa, logo peguei o ritmo e emendei mais duas atrações na sequência. Primeiramente, um tobogã cuja descida se faz em uma boia com quatro lugares. Contudo, como eu estava sozinho precisei esperar por uma oportunidade de descer com outras pessoas que não fossem ocupar todas as posições da boia. Não esperei muito até o momento em que um casal e seu filho me permitiram acompanhá-los.




Essa é de dar calafrios

— Minha nossa! Será que eu encaro a próxima atração? Refleti.



Muito provavelmente você, leitor(a), já deve ter ouvido aquele ditado que diz que “quem está na chuva é para se molhar“. Então, fiz uma ligeira adaptação para o meu contexto: “Deixa de frescura, quem está num parque de diversões é para aproveitar as atrações”...


Então, poucos minutos depois estava lá em cima esperando por mais uma companhia que se dispusesse a dividir comigo uma boia de 2 lugares... já me encontrava sentindo calafrios para descer no Kalafrio (nome da atração).



Não se acanhe, 
o(a) leitor(a), ao entrar sozinho em um brinquedo no qual se deve descer em grupo, pois, num piscar de olhos sempre aparecem outras pessoas na mesma situação e dispostas a formar dupla para a descida do escorregador (ou de qualquer outro escorrega onde duas ou mais pessoas são necessárias).

Como se não bastasse o frio na barriga que sentia, assim que arrumei uma companhia para ir comigo na boia de dois lugares, ainda tive a “sorte grande” de o fiscal me colocar virado de costas para o precipício. Paciência... e lá fomos nós.




Isso é INSANO!

Minutos depois estava andando pelo parque à procura de mais diversão quando comecei a ouvir um barulho que não daria para ignorar.

— Fooommm! Fooommm!... Fooommm! Fooommm!...

Pontualmente, às 12 badaladas do meio dia as trombetas do apocalipse soaram assustadora e estrondosamente. Assim que identifiquei a direção de onde o barulho se originou virei-me para dar atenção ao que estava acontecendo. Depois da primeira vez, acabou se repetindo por um determinado tempo. Aquele som, vindo do alto da enorme torre para onde todos olhavam, deve ter ecoado mundo afora dando ciência de que os “portões para o inferno” haviam sido oficialmente abertos.

— É o INSANO! Cochichei para mim mesmo... e creio que também o fizeram todos os outros tementes que perambulavam pelas redondezas.

— “Cacildes”! - Diria o saudoso trapalhão.

Após alguns instantes de hesitação, recuperado do susto, decidi aproximar-me do lugar para observar aquelas pobres almas “lançarem-se no poço do inferno”.



Vi uma, duas, três pessoas despencarem lá de cima como que em queda livre até encontrarem resistência na piscina localizada no final do escorregador. Observando o momento em que apontavam os pés lá no alto, no início da descida, a impressão que se tinha era a de que em algum momento os insanos aventureiros perdiam contacto com as paredes do escorrega e literalmente caiam em queda livre por alguns instantes.


— Coisa de doido isso aí! Pensei comigo.

“Dei no pé”. Saí ligeiro dali e, entorpecido por algum tipo de feitiço, logo me vi percorrendo um túnel e subindo alguns lances de escada.




Onze (11) foi o meu número de identificação para a atração da vez.




Explicando melhor, o tal número que recebi era de uma promoção realizada por uma grande montadora de veículos que divulgava um de seus mais novos lançamentos e que tomou a iniciativa de fazer uma montagem promocional de quem não se importasse em ser filmado ao se aventurar por essa atração na qual eu estava. E qual atração era essa? Dou-lhe um abraço, leitor(a), se adivinhar.


Sim, era o Insano.



Enquanto subia as escadas em todo instante eu me perguntava o que fazia ali, disposto, como outros, a “rolar ladeira abaixo” naquele imenso escorregador.


Enfim, uma vez estando lá em cima, não houve opção para retorno, afinal de contas, em meio àquele monte de gente, se dali desse meia-volta e retornasse eu iria virar piada e motivo para muitas risadas. Além do mais, como é que ficaria a minha autoestima?

Chegada a minha vez, recebi as devidas instruções e fui liberado para prosseguir.




Tentei descer bem devagar do ponto em que estava, pois, quando observei aqueles que estavam à minha frente tive a impressão de que davam um “salto” no momento em que chegavam lá na ponta. Também imaginava que se pegasse um impulso maior eu poderia até ser lançado muito para frente, perderia o contacto com as paredes do escorregador e terminaria me espatifando lá embaixo. Ora, leitor(a), não ria de mim, pois, cada um vê seus fantasmas da forma como bem entende.


Sem mais rodeios, a partir de um determinado ponto passei por uma leve depressão que me fez tomar velocidade e dali em diante fui sugado de vez para o abismo.



No inicio da trajetória da parte mais inclinada do escorregador tive a impressão de literalmente ter estado em queda livre (como em Um mergulho no céu), mesmo que por pouquíssimos instantes.


Quando retomei um contacto maior com a parede do brinquedo o atrito fez espirrar água para tudo quando é lado e aí, já aflito com tamanha velocidade alcançada, fiquei ainda mais apreensivo com aquele mundaréu de água que começou a bater no meu rosto também. Assim, a partir de um determinado momento não consegui ver mais nada do que estava acontecendo... enquanto isso, continuava quase que em queda livre.



Instantes depois me vi deitado, dentro de um túnel, com a água ainda me atordoando.




Por fim, a velocidade se reduziu por completo e fui sendo conduzido para fora, por uma leve correnteza, até alcançar a piscina no final do escorregador.




— Ufa, ainda vivo! Pensei.


Veja o registro da minha descida pelo Insano.



Ao final, registrei uma última foto e, dessa vez é verdade, corri logo dali para que não tivesse qualquer recaída que me levasse a participar dessa desgraça novamente.



Fundo falso e insaninho

Vou lhe dizer uma coisa, leitor(a): a pessoa quando é teimosa a gente precisa ter muita paciência; o sujeito (entenda-se: eu) tem medo de altura, contudo, mal havia saído de uma atração nas alturas e já estava lá no alto novamente, em outra aventura... caçando mais “confusão”.




Porém, dessa vez não era o Insano, mas, a encrenca foi outra: o Arrepius; um conjunto de atrações mais moderadas, porém, não menos capazes de fazer correr a adrenalina pelo corpo.

A primeira foi um escorregador cujo fundo “sumiu” de repente fazendo-me ser tragado para dentro do buraco.





Não passei ileso, pois, quando o fundo se abriu o susto foi grande.





O trouxa ainda saiu rindo.




“Meia volta, volver”! E lá fui eu para o mesmo lugar com o intuito, dessa vez, de descer no que chamei de “Insaninho”, um escorregador no mesmo estilo do “Insano”, contudo, de menor porte, para a criançada menos levada.




Acho melhor largar essa boia

A caminhada de uma atração até outra no parque era árdua. O céu totalmente descoberto de nuvens me forçava a tomar um banho de calor irrestrito. Entretanto, eu devolvia a afronta do sol na “mesma moeda” tomando um refrescante banho de água na cascata do parque cada vez que passava por ali.



Ora leitor(a), cansado(a)? Vamos, não se renda. Pegue sua boia, pois, ainda falta um bocado de escorregadores para desbravar.




Desci no escorrega de cor laranja e no vermelho.




O amarelo quase fez-me enfartar porque, no início, pensei que fosse me jogar lá para baixo...




... e na sequência terminou por me virar na boia e me fazer descer de costas.




Antes, havia pegado uma boia porque achei que seria mais tranquila a descida. Ahhh! Que nada, é só para enganar os bobos. Tratei logo de abandoná-la.





Minha nossa! É tanto escorregador que não acaba nunca.





Um merecido descanso

Depois de algumas horas indo de lá pra cá, e vice-versa, foi a hora de dar um tempo nas brincadeiras e, depois de um dia bastante agitado, terminei indo descansar na parte rasa da piscina com ondas dando fim à bagunça e agitação.





Estava sem comer desde as 10h30 e a fome já me devorava. Então, após algum tempo de descanso me dirigi até o restaurante do parque à beira dessa mesma piscina onde eu estava e comi um belo sanduíche.





Fazendo a sesta na praia

Ao final, de barriga cheia, eu não iria ser doido de encarar qualquer daqueles escorregadores. Então, fui dar uma volta pela praia do Beach Park para fazer a digestão. Antes de sair precisei passar em um dos guichês de saída para pegar um cartão de retorno que me daria o direito de voltar para dentro do parque.

A praia estava vazia e tranquila. Fiquei admirado com a paisagem.




Certamente, um agradável lugar para se recostar em uma cadeira de praia e pensar na vida, ou melhor, pensar em nada mesmo... e somente ficar à toa vendo o mar e a paisagem.




Bem, por ora, chega de descanso. Precisei voltar à ação. Estava na hora de aplicar os meus conhecimentos no surfe. Minha nossa! Que onda foi essa que peguei!...




Puxa vida! Que pena que tudo que é bom nos cause a impressão de passar rápido, mas, infelizmente, às 17h eu deixava para trás o Beach Park ficando a satisfação pelo dia de diversão e também a vontade de retornar no futuro para mais uma tarde de fortes emoções.





Ao deixar o parque aproveitei para passar em uma pequena mercearia que havia perto a fim de comprar um lanche para comer mais tarde, pouco antes de dormir. Sem quebrar o hábito, deixei todas as minhas coisas arrumadas para não perder tempo na saída do dia seguinte.


Hotel: R$90,00.


Dicas de viagem

  • Não é permitido entrar no parque portando alimentos. Porém, mesmo que os preços praticados dentro das instalações do parque sejam mais elevados do que no mercado em geral, é recomendável optar por carregar o “Beach Card” para pelo menos poder gastar com bebidas para reidratação.
  • É recomendável alugar um guarda-volumes (ao preço de R$20,00) para deixar seus pertences enquanto você se diverte nas atrações do parque. Como regra geral, não é permitido descer pelos escorregadores segurando objetos pessoais. Isso só pode acontecer se houver alguma forma de você prendê-los nos braços de maneira que eles não saiam “voando” no meio da descida. Por exemplo, quando chegava a minha vez eu tirava os chinelos e os “vestia” no braço a fim de ficarem mais firmes e presos ao corpo. De outra maneira, se você estiver acompanhado (a) será mais fácil, pois, poderá deixar os objetos com sua companhia enquanto for a sua vez de descer pelos tobogãs. Caso contrário, se insistir em ficar com os objetos soltos à mão, é certo que o fiscal não o (a) deixará descer pelo escorrega.
  • Aquelas pessoas que já estão acostumadas a andar de pés descalços não terão problemas, contudo, o chão fica bastante quente em alguns lugares, por isso, será melhor se prevenir e andar com chinelo de dedo.
  • Não se descuide de sempre usar o protetor solar. Você pode acabar ficando com preguiça de ir até o seu armário para reaplicar o filtro solar, mas, lhe garanto que será melhor gastar um tempo nisso do que ficar se contorcendo na cama, à noite, por causa das queimaduras de sol.
  • Atente para o horário de funcionamento do parque (11 às 17h) e tome o cuidado de verificar os dias da semana em que o parque fecha para manutenção a fim de poder planejar melhor a sua viagem.
  • Na saída, antes de deixar o parque, caso tenha abastecido o Beach Card com algum dinheiro e ainda restar saldo, você deverá passar em um dos postos de troca localizados perto das catracas de saída para devolver o cartão do parque e receber o montante de dinheiro que tiver sobrado nele.



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